Fatores de risco
[Aviso de gatilho: suicídio]
Quais são os fatores de risco que podem levar crianças e adolescentes ao suicídio?
É sempre importante lembrar que as causas são complexas, multifatoriais e jamais podem ser reduzidas ou simplificadas. Cada pessoa é única e nenhuma condição de vida é uma sentença.
Apesar disso, existem condições que podem deixar crianças e adolescentes mais vulneráveis.
A própria imaturidade cerebral já é algo que merece nossa atenção. O córtex pré-frontal, responsável pelas chamadas “funções executivas”, é a última parte do nosso cérebro a se desenvolver e só atinge a maturação entre os 20 e 25 anos. Ele é responsável pela análise de situações, tomada de decisões e regulação do comportamento. E é por isso que adolescentes e adultos jovens tendem a ser mais impulsivos e inconsequentes, por exemplo.
Nós, como adultos, pais, educadores e/ou profissionais da saúde, devemos ajudá-los a lidar melhor com essa fase e estar atentos a possíveis fatores de risco.
É comum que os adultos minimizem ou subestimem os problemas enfrentados pelas crianças e adolescentes, mas devemos lembrar que conflitos como uma briga com os amigos e o término de um namoro podem ser sentidos de forma muito intensa por eles e não devem ser subestimados.
Problemas fazem parte da vida, isto é certo. Apresentar um ou mais desses fatores não quer dizer que o jovem irá necessariamente ter comportamentos autodestrutivos, porém é importante atentar para a presença, a intensidade com que impactam o indivíduo e a duração de cada um deles.
Fatores individuais
Condição psiquiátrica prévia, como depressão, ansiedade, esquizofrenia, bulimia, anorexia, TDAH, abuso de substâncias, entre outras.
Mudanças biológicas e de humor da puberdade.
Problemas de aprendizado.
Dificuldade com disciplina e figuras de autoridade.
Fatores familiares
Abusos físicos, emocionais ou sexuais.
Negligência ou rejeição dos cuidadores.
Brigas constantes dos pais ou responsáveis.
Pouca abertura de comunicação com os pais.
Pais muito rígidos ou autoritários.
Fatores de relacionamentos
Solidão ou isolamento.
Bullying ou cyberbullying.
Crises, brigas e fim de namoro.
Conflitos constantes com a família ou com os amigos.
Fatores sociais
Pertencer a grupos que sofrem preconceito, como a comunidade LGBTQI+.
Pertencer a alguma comunidade cuja a cultura é marginalizada pelos grupos dominantes, como a indígena.
Ser imigrante e lidar com conflitos econômicos e culturais.
Estar fora dos padrões de beleza da sociedade a que pertence, como ser gordo, por exemplo.
Fatores eventuais
Mudanças constantes de cidade, casa ou escola.
Situações traumáticas, como guerras, tragédias naturais, assaltos, sequestros.
Separação dos pais.
Crise econômica na família, como desemprego dos responsáveis.
Perda de alguém próximo.
Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, busque um adulto de confiança, um profissional de saúde mental ou ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV). O telefone é 188.
Fontes:
Prevenção do suicídio: Manual para professores e educadores, da Organização Mundial da Saúde (OMS); e Understanding Suicide, Suicide Attempts and Self-harm in Primary School Aged Children, da fundação australiana Headspace.